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Um legado para gestão startup

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Uma vez palestrando em uma oportunidade sobre gestão para empreendedores em um evento que tinha uma audiência de empreendedores e candidatos a empreendedores bastante concentrados na indústria de inovação, como tecnologia, mídia, serviços e infra-estrutura para a indústria digital, eu primeiro procurei entender um desafio do empreendedor ‘startup’ daquela amostra:

 

Sobreviver, ao seu estágio inicial

 

Na oportunidade da palestra, sondei quais seriam os pontos que poderiam levar uma empresa à inviabilidade. Utilizei o critério aferido nas “Principais causas da mortalidade das empresas” conforme estudo10 Anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade de Empresas” do Sebrae-SP.

Pedi então para todos preverem o futuro indicando qual o principal motivo seria o mais provável para que suas empresas ou seus projetos futuros tivessem uma “causa mortis”.

Eu dava o motivo e o auditório todo apagado, em blackout, me respondia ”Sim/Este” com as luzes dos seus celulares ativadas, criando uma espécie de céu estrelado. Tiramos fotos e agora aqui vou fazer alguns apontamentos sobre este “diagnóstico”, ao menos daquela amostra.

 

Os motivos mapeados foram:

- Comportamento empreendedor pouco desenvolvido;

- Falta de planejamento prévio;

- Gestão deficiente do negócio;

- Insuficiência de políticas de apoio;

- Flutuações na conjuntura econômica;

- Problemas pessoais dos proprietários.

 

Primeiro fiquei muito feliz ao consolidar e somar minha percepção daquele  “data-mobile-lights” e detectar que 89% dos motivos estão na mão e dependem do empreendedor. E aqui está o lindo da vida empreendedora: reverter o que depende de nós para atingir o êxito das nossas iniciativas! Adoro quando o que depende de nós é majoritário!

Foi muito bom ver isolado problemas de conjuntura econômicas e dependência de apoio/políticas. Ficaram esmagados numa minoria. E mesmo sendo muito importantes, trata-se de uma militância de ”cidadania empresarial” a atitude possível, que pode contribuir com uma reversão destes itens como motivos de destruição de um empreendimento. Vamos à análise, e daí um toque para você não cair nas estatísticas da mortalidade das empresas (* trata-se de sondagem e não pesquisa, por isto no % não há validação):

 

29%* – Comportamento empreendedor pouco desenvolvido;

Neste ponto as habilidades empreendedoras precisam ser desenvolvidas, mesmo que a seu tempo. Organização, liderança, visão crítica, busca do conhecimento, propensão ao risco, algum nível de foco devem compor um comportamento da formação base da atitude empreendedora. Lógico que você tem que ter ainda determinação, entusiasmo e paixão. Aqui sempre digo que aos iniciantes falta entender que nesta posição você possui vários casacos: uma hora se veste de empreendedor, outra hora é o acionista/sócio e precisa entender que você é um tipo de executivo líder da iniciativa – dentro do contexto de ser também mais um colaborador da companhia. Cada um dos papéis exige um nível de informação e formação. Autodidata ou formal, vá atrás desta complementaridade. Ou volte a procurar emprego. Pois se não houver um compromisso básico de investimento e desenvolvimento de comportamento empreendedor com evolução as coisas ficarão difíceis para o êxito do empreendimento. Tenha, nesta condição, humildade de aprender, de pedir ajuda e principalmente de se aproximar das pessoas certas para te apoiarem nesta jornada. Mentores, exemplos empresariais, tudo pode ser útil. Mas desde que você use e evolua.

 

27%* – Falta de planejamento prévio;

 

Planejamento é uma parte sempre apontada como sensível. Só creio que, mais do que isto, é importante orientá-lo para resultado. Procure “austeridade” construtiva na implementação, bom controle de fases e acompanhamento, sensibilidade para revisão quando necessária e é muito importante organizar o legado de conhecimento adquirido na execução. Muitos empreendedores acusam o planejamento de uma fase inoportuna ao se empreender, já que vão “ganhar o mundo” e pensar na “burocracia” de se planejar não se trata de algo razoável. Ledo engano. Planejamento pode ser uma atividade complexa ou não. Vai depender da fase da empresa e do desafio. Mas quem nem conseguem exercer uma planejamento mental de sua atividade empreendedora dificilmente entenderá a contribuição que o planejamento trás para a conquista de resultados satisfatórios para as empresas. Planejar é também aceitar variantes não controláveis – existe um pouco de “achismo” sem dúvida (olha o Rework ainda gente!).  Eu  penso que planejar é se permitir um tempo para organizar as idéias, contextualizá-las em recursos e fases, que permitam uma “timeline” saudável – entre a ideia/necessidade e o produto final, que é quem garante o resultado para uma companhia, evitando um pouco aquele sair fazendo a esmo. Lógico que alguma coisa sem um planejamento apurado (ou mesmo inexistente) pode ainda ser uma grande tacada e dar certo. Mas pode  representar exceção a regra, no começo de uma empresa ainda mais. Guarde a proporção “anárquica” e “intuitiva” na medida certa, para que ela haja de forma efetiva na sua empresa e não na forma cotidiana de seus passos fundamentais. Outro dia ainda encontrei um dos maiores empreendedores de moda no Brasil e conversei sobre a expansão da marca e lojas para outros países e pude tomar um susto com quão deu certo algo sem quase planejamento – mas dentro de um campo intuitivo apurado. Aqui é entender que planejar pode jogar a favor e não contra. E orientar a execução deste planejamento para um alto fundamento em resultado.

 

21%* – Gestão deficiente do negócio;

 

Até que o empreendedor tenha condição de profissionalizar sua companhia ele será uma espécie de polvo na empresa nos tentáculos da gestão. Se ele for um técnico alheio a gestão – pode sofrer, mas não necessariamente. Empreendimentos em seu início possuem baixa complexidade, onde haverá o maior investimento de tempo e estudo para criar fundamentos básicos bem estruturados. Ter condição de acompanhamento financeiro ou de recursos adequando as fases, controle de despesas x receitas, gestão de ativo humano e modelo de negócios/vendas. O básico bem estruturado funciona aqui. Então se não tem experiência neste ponto, literatura, amigos gestores e algum envolvimento em cursos/treinamentos formais podem ser o suficiente. Volto à história do casaco. Mesmo que sua empresa cresça e evolua e tenha a oportunidade de profissionalização da área de gestão, com colaboradores diretamente envolvidos no operacional, você o “técnico”, “o cérebro”,  “o cara do algoritmo” que “ganhará o mundo” como empreendedor e acionista terá que colaborar em decisões estratégicas para o assunto com alguma qualidade. Uma contribuição calçada em algum nível de conhecimento poderá fazer sua companhia manter-se afastada da deficiência de gestão que “mata” as companhias.

 

3%* – Insuficiência de políticas de apoio;

 

Veja bem! Empreender significa riscos. Se você depende de apoio totalmente, terá um grande desafio. Porque a esmagadora maioria de empreendimentos do país foi viabilizada com o mínimo de apoio da estrutura formal deste assunto no Brasil. Nem por isto eles ficaram inviáveis. Faça o apoio ser uma mola propulsora, mas nunca a razão única para que você siga em frente. Mesmo detectando que a estrutura de apoio tenha evoluído consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, ainda ela é insuficiente nos comparativos com sociedades empreendedoras mais evoluídas no globo. Gosto do sentimento de que os empreendedores tenham nesta “causa mortis” uma baixa aderência – porque isto não depende só dele. Porém existem oportunidades de apoio que muitas vezes o próprio empreendedor não conhece ou mesmo não toma a atitude concreta de ir atrás de forma estruturada. Consideravelmente em alguns casos, recursos de apoio inclusive não conseguem ser usados por despreparo dos candidatos. Quer seja apoio facilitador, de consultoria ou de recursos, fique sempre atento que neste momento como iniciativa privada você está usando recursos de terceiros ou públicos (do povo). Seja responsável e consciente nesta oportunidade e use-o de forma efetiva para a viabilidade do empreendimento e não para ter conforto de minimizar os seus riscos pessoais.

 

8%* – Flutuações na conjuntura econômica;

 

Neste quesito o brasileiro, na oportunidade global inclusive, tem uma vantagem. Conseguiu se adequar a algum nível de flutuação de cenários econômicos historicamente, que mesmo agora encontrando o nível de estabilidade econômica das últimas décadas, trouxe uma flexibilidade criativa que inclusive possui o reconhecimento das nações que por muito tempo tiveram uma economia mais segura a solavancos. O empreendedor deste país também foi o que mais entendeu que nos momentos críticos da variação de status econômico podem se esconder ou vir à tona boas oportunidades complementares e que auxiliem a sobrevivência no período mais sensível, e que podem fazer este item engolir o seu negócio. Neste caso não foque cegamente na crise que pode (ou o está atingido) tenha olhos para oportunidades.

 

12%* – Problemas pessoais dos proprietários

 

Existe aqui pra mim uma receita ótima. Sempre procurei substituir a palavra problema, por desafio. A vida pessoal anda ao lado (no mínimo) da vida empreendedora. Não se desvincula por teorias, por técnicas e mesmo por determinação da vontade, apenas. Somos um só ser, mesmo que em papéis ou personas distintas do humano que é o empreendedor. Quando os desafios na vida pessoal acontecem, existe uma forma de você não isolar, mas estabelecer uma agenda positiva para o tratamento disso em sua vida. Ou uma forma de você não fazer dele o motivo para que você ganhe mais um problema, quer dizer o problema da inviabilidade de seu empreendimento. Se você tem um problema pessoal ‘administrável’ (muitas vezes problemas profundos de saúde ou de família estão, infelizmente, fora deste contexto), procure não deixar que ele domine sua oportunidade empreendedora, para aí sim ter “problemas“ em dobro.

Convido você a aqui comentar suas impressões e histórias. E manter viva e contínua este post e o assunto. Porque todos gostam – e eu também – de falar sobre o que deu certo. Mas é muito valioso termos condições de contornar os erros e desafios principalmente aqueles que podem ser fatais para o negócio, compartilhando e expandindo generosamente o conhecimento.

 

“Você sabe quantos comitês temos na Apple? Zero. Estamos estruturados como uma startup. Nós somos a maior startup do planeta.”

Steve Jobs

 


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